Há poucos dias, uma
pessoa muito próxima a mim falou que alguém havia lhe dito algo sobre uma
terceira pessoa também próxima a nós, e que ela achou estranho. Não parecia ser
a forma desta pessoa agir, ela me disse. Dei minha opinião e fui logo chamado
de desconfiado. Não foi a primeira vez que me chamaram assim. Talvez seja pelo
fato de que normalmente enquanto eu estou escutando as pessoas falarem, eu vou
pondo na primeira bandeja o que me chega aos ouvidos e o que minha cabeça pensa
eu coloco na segunda bandeja da balança da pesagem dos fatos e boatos.
Se o ponteiro - Sim!
Ponteiro, pois esta balança me acompanha a uns quarenta anos e não poderia ser
digital portanto - pender totalmente para a direita onde há a palavra “verdade”
na cor verde, eu logo tomo como sendo fato mas, se ao contrário o ponteiro
inclinar totalmente em direção a “mentira” em vermelho eu chamo de boato. Ou se
for o caso chamo de mentira, invenção, engano, exagero...enfim!
Claro que as vezes
fico na dúvida! É o caso do ponteiro ficar pendendo levemente para um lado ou
outro, ou então ficar paradinho no meio.
Claro que não uso
essa balança para todo mundo! Uso-a para as pessoas que pouco conheço ou então
para aquelas pessoas que conheço bastante e confio. Para outras pessoas a
balança é diferente.
Para aquelas pessoas
que quando você fala que pescou uma traíra de 25 centimetros e ela vem logo
dizendo que só faz pesca submarina em alto mar, que quando você fala que
passeou de lancha e ela logo vem com o papo que possui um iate, mesmo a gente
sabendo que o que ela ganha não compra nem um caique de segunda mão, que quando
você fala que estava no aeroporto esperando o voo de um amigo que vinha de Rio
Grande, percebeu lá longe passar a
apresentadora do telejornal local e ele já vem com a estória que na última
viagem a NY ele encontrou e conversou por altas horas com a Angelina Jolie e
até trocaram de números para conversarem mais tarde, que quando você fala que
arranha um violãozinho ela vem dizendo que formou-se na maior e melhor instituição
musical do país e é pupilo do Issac Karabtchevsky. Para estas pessoas eu uso
uma balança especial.
A balança para estas
pessoas incríveis - como dizia meu saudoso amigo Mimo: “ Mas o cara não empata
uma, só ganha? - que nunca perdem, eu uso uma especial que tem na esquerda a
palavra “mentira” como na outra balança, no centro há “exagero” na cor amarelo,
e na outra extremidade em verde meio apagadinho um modesto “quem sabe até é
possível”.
Às vezes o ponteiro
fica num vai e vem entre uma verdade e uma “atochada”, aí para simplificar eu
faço como o comerciante desonesto e dou uma forçadinha na bandeja das mentiras
como ele força a bandeja das batatas para superar a dos pesos. Sei que é meio
desonesto, mas muitos feirantes fazem isso e acaba indo para o céu!
Quem nunca deu uma valorizadinha na história no momento de
conta-la? Eu já fiz bastante isso confesso! Mas tem gente que não, ela
simplesmente não consegue falar a verdade ou dar uma envernizadinha no papo. Não! Ela tem de mostrar que ela é a melhor
e tem tudo o que é melhor! Ela vive num mundo particular só dela onde ela é o
centro e a periferia. O caso é tão doido que tem umas pessoas que chegam a
acreditar em suas próprias mentiras.
Eu conheci caso de
gente que falou que iria para um treino em um autódromo e no outro dia para
tentar dar validade a sua mentira, apareceu com o braço enfaixado dizendo que
não poderia participar da prova por que capotou o carro em uma fantástica e
veloz curva. Conheci pessoa que gravou um disco e quando foi pedido para
mostrar falou que brigou com o empresário e de raiva quebrou todos os discos.
Claro que isso não é só uma mera mentirinha, isso é doença!
Para falar bem a
verdade, tem gente que eu não pergunto nem as horas com medo que ela me minta o
horário!
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