quarta-feira, junho 29

AS MUSAS



SE TIVÉR QUE LUTAR PELO AMOR
SEREI IMPLACÁVEL COMO ARES
ENFRENTAREI TODA A DOR
NA BUSCA DESTES SERES AMÁVEIS.

POIS SONHEI UM CÉU COM SOL
POVOADO DE AVES BELAS
NUM CÉU COM AS BELEZAS
TAIS OS SORRISOS DELAS.

PARA IR AOS CÉUS NÃO PRECISO TER ASAS
NEM INVENTAR FORMAS AUDÁZES
OU A TÉCNOLOGIA DAS GRANDES NAVES
APENAS TER O AMOR TERNO

DO CORPO DE MUSAS INEFÁVEIS!

segunda-feira, junho 27

HAI KAI 5


Fecho a minha janela
lá fora está frio
quando lembrei de minha bela
um lindo sol se abriu.

quinta-feira, junho 9

TENHO


Tenho mais é que viver
Esquecer o que foi ruim
Aproveitar tudo que for bom
E colher entre o lixo do mundo
Apenas jasmim.

Tenho mais é que é que ser feliz
E tentar sempre ser guri
Aceitando o que a vida me dá
E dormir sempre bem descansado
E sempre sonhar.

terça-feira, junho 7

RE-POSTAGEM 11 ou sem tempo e/ou preguiça e/ou inspiração


Finalmente havia chegado o dia.
Postado originalmente em 21, Outubro, 2009
Carlos está ansioso. Na última vez que olhou o relógio era cinco e trinta. Amanheceu e ele não conseguiu dormir um instante sequer. Finalmente havia chegado o dia.
Em sua cabeça, sua vida passava como se fosse um filme. Um filme triste mas que finalmente teria um final feliz!
Ele volta a um dia quente nos anos setenta. Uma viatura para em frente a sua casa. A mulher com uma cara de carrasco e dois policiais falam com sua mãe. De onde ele está não consegue escutar o que eles falam mas sabe que não é algo bom pois sua mãe cobre o rosto e chora. Assim que aquelas pessoas vão embora ele corre para a mãe que lhe fala entre soluços e gemidos que seu pai morrera em um atropelamento.
Os anos que se seguem não são muito fáceis para os dois. Carlos é obrigado a abandonar os estudos e trabalhar para ajudar a mãe a sustentar eles dois e seus irmãos. O dinheiro que ele consegue nos pequenos biscates é insuficiente para o sustento deles.
No começo dos anos oitenta Carlos é levado para uma “Casa Correcional para Menores Infratores” depois que foi preso por pequenos furtos. Lá na “Correcional” a vida fica pior ainda. Os funcionários os tratavam de forma desumana e a única ajuda que ele pode esperar era a de outros detentos.
Uma noite vem à fuga. Quase todos os adolescentes são pegos novamente mas Carlos consegue escapar. Muda-se de cidade e começa a viver de roubos e pequenos tráficos. Não ganhava muito mas era o suficiente para ir levando a vida.
Num final de semana Carlos vai a uma festa e conhece Tereza com quem tem um filho: Mateus. Carlos, agora um pai orgulhoso retorna a cidade natal para apresentar esposa e filho a sua mãe mas, fica sabendo que ela morreu, não se sabe lá do que, logo que ele havia sido levado para a Casa Correcional. Carlos sempre achou que foi de desgosto, mas nunca teve a certeza.
O tempo foi passando e chegou o ano em que o Brasil iria escolher o seu presidente depois de muitos anos de eleições indiretas. Para Carlos aquilo tudo não tinha importância alguma. Há muito ele havia esquecido o que era ser um cidadão. Tinha os seus iguais e seus códigos de condutas. A política em nada o interessava. Todos estavam indo as urnas e ele apenas esperava no local que fora combinado por um carregamento que ele havia acertado depois de guardar um bom dinheiro fruto de muitos roubos e vendas de drogas.
Na hora marcada o insuspeito carro lhe entregou a mercadoria e levou o pagamento. Agora ele iria ser grande no negócio. Não venderia mais para o “patrão” da boca, ele seria seu próprio chefe. E assim seria, não fosse o acerto entre a polícia e o “patrão”. Não teve tempo de vender uma só “trouxinha” e a polícia invadiu sua casa e o levou preso. O que mais doeu em Carlos foi ver o espantado Mateus - na época com doze anos – ver seu pai ser algemado e arrastado para dentro de um camburão.
Nos primeiros anos de cadeia Carlos recebia a visita regularmente de Tereza e Mateus. Carlos prometeu aos dois que quando saísse dali tudo seria diferente. Eles teriam uma vida descente e os dois poderiam sentir orgulho dele. Carlos procurou não se envolver em nenhuma confusão na prisão. Começou a aprender a ler e escrever com um pastor que lá ia atrás de ovelhas para seu rebanho.
Num dia de visita, Tereza veio sozinha e lhe falou que iria se casar com um “homem descente” – dessa vez de verdade, em igreja e tudo – e Mateus iria com ela e o novo marido para uma outra cidade. O já esculhambado mundo de Carlos desmoronou, mas com a ajuda do pastor e de outros crentes “residentes” da cadeia ele se ergueu.
Prometeu para si mesmo que terminaria os estudos que agora estava podendo ter na cadeia e guardaria cada centavo que ganhava nos trabalhos que desempenhava na prisão para quando sair dali e poder ir buscar seu filho: Talvez ele tivesse perdido uma mãe e uma esposa de desgosto, mas o filho não! Mateus veria que ele era uma pessoa mudada. Que era um homem descente assim como aquele que Tereza arranjou para colocar em seu lugar.
Não culpava Tereza! Ele é que fora culpado por não agir direito. Desejava que ela fosse feliz com seu “homem descente”, ele agora só pensava em sair e reencontrar o filho.
Os dias foram passando lentamente até que Carlos não conseguiu dormir a noite toda de tão ansioso por haver finalmente chegado o dia.
Carlos foi ao refeitório para o seu último café da manhã na prisão. Não sentiu gosto algum naquele café horrível que era-lhe servido todos os dias durante os últimos longos anos de prisão. Despediu-se dos poucos amigos que fizera ali dentro, principalmente do pastor Roberto.
Era dez horas quando vieram buscar-lhe na sala de triagem. Deu um desinteressado aperto de mão no cínico diretor que falava para ele e mais dois detentos que ganhavam junto com ele a tão sonhada liberdade naquela manhã : _ Espero não velos mais por aqui senhores, as acomodações são poucas! Como podem ver, sai três e entra doze no lugar! – apontava com seu gordo dedo para uma janela gradeada por onde se podia ver um pátio ao lado. O mesmo pátio que recebera Carlos anos atrás.
É meus senhores – continuava o discurso – isso aqui é um inferno e como existem muitos diabos como vocês, isso não acaba nunca! – Carlos aproximou-se da janela e viu os dois camburões que “despejava” doze novos detentos.
Carlos estava prestes a ganhar a liberdade mas preferiria morrer a não ter visto o que viu. Entre os doze infelizes que chegavam para ficar em seu lugar naquele odioso inferno, haviam um jovem que em muito se parecia com ele, e Carlos não tinha dúvida quem era esse jovem que ali chegava algemado, Era, o motivo pelo qual decidira ter uma nova vida, era o seu tão querido filho Mateus.